sabato 31 ottobre 2009

As “vitimas silenciosas do desenvolvimento”

Alto Alegre do Pindaré, município do oeste maranhense, 32.000 habitantes.
Um dos tantos municípios e povoados cortados (literalmente cortados) em dois pela passagem da Estrada de Ferro do Carajás.
Faz pouco dias visitei o município acompanhando amigos que estão preparando um documentário sobre os conflitos entre a Companhia Vale do Rio Doce e o povo ao longo da Estrada de Ferro do Carajás.
Foi uma visita muito breve (não mais de duas horas) mas marcou decisamente a minha viagem rumo São Luis.
Em duas horas passaram dois trens pelo transporte de minério (um vazio e o outro cheio) e cada passagem demorou mais de vinte minutos (isso significa que a cidade foi cortada em dois e os moradores de um lado não puderam ir pelo outro lado da cidade).
Conseguimos também  fazer algumas entrevistas com moradores que perderam parentes vitimas do trem.
Uma família perdeu um filho de 14 anos, outro senhor perdeu a mãe (foi uma sexta feira santa, depois da via sacra).
Chamou-me a atenção a ultima entrevista: foi muito rápida.
Um rapaz de vinte anos deixo o jogo de futebol e se aproximou do microfone e da filmadora.
A pergunta foi “E com você o que aconteceu?”
“Meu pai morreu atropelado pelo trem”
“Como foi?”
“Foi no ano de 2003, pela manhã cedo. Meu pai saiu de casa para ir ao serviço. O trem estava parado na estação e ele não podia esperar o trem passar porque ia chegar atrasado. Decidiu passar por debaixo do trem. Quando estava passando o trem começou de novo a andar e meu pai não conseguiu sair e foi atropelado. Morreu porque não queria chegar atrasado ao serviço”.
“A Companhia Vale fez algumas coisas para vocês? Indenizou?”
“Até hoje nada. O povo cansou de mortes e fizemos muitas manifestações, interditamos a ferrovia, fizemos greves e o ano passado (2008) a Vale, depois de muitas reuniões decidiu construir uma ponte e uma passarela, mas muitas pessoas morreram”.
A entrevista terminou, agradecemos o jovem e fomos visitar a estação.   
Não existem proteções, só um pequeno aviso que indica a proibição de cruzar  os trilhos.
Voltamos rumo Santa Luzia, uma estrada de 54 km cheia de curvas e de buracos. 
Dirigindo estava pensando nos chamados “modelos de desenvolvimento”.
Por um lado historias simples: três famílias, três vidas troncadas.
Por outro lado “o desenvolvimento”, que “gera riqueza, trabalho e emprego”.
Por um lado historia de famílias que vivem o dia a dia, que lutam no dia a dia para ter uma vida mais digna.
Por outro lado o chamado “desenvolvimento” que parece ser “surdo e cego” porque parece não estar interessado em escutar os problemas do povo e trabalhar junto com ele para enxergar possíveis soluções que melhorem a vida de todos e de todas.
Depois da visita a Alto Alegre do Pindaré fico me perguntando: quantas “vitimas silenciosas” deverão ainda existir para que se possa pensar, planejar e executar a palavra desenvolvimento a partir do bem de todos e não simplesmente do lucro de poucos?

venerdì 23 ottobre 2009

Bartimeu: um novo “milagre de Jesus”: de mendigo a protagonista da própria historia

O texto do Evangelho do próximo domingo (25 de Outubro) nos apresenta a figura de Bartimeu e o encontro dele com Jesus.
Quem era Bartimeu? O Evangelho o apresenta como “filho de Timeu, cego e mendigo, sentado a beira do caminho”.
O que acontece? “Bartimeu escuta que Jesus esta passando próximo dele, começa a gritar, a implorar ajuda, grita mais forte quando companheiros o reeprendem, pula ate Jesus, fala com Jesus dizendo que quer ser curado e depois de ter recuperado a visão acompanha Jesus na caminhada”

O enredo do texto é muito linear: poderíamos dizer que se trata de mais um milagre de Jesus.
A pergunta que faço para cada um e cada uma de nós é a seguinte: qual é o verdadeiro “milagre” a ação de Jesus que doa novamente a visão a Bartimeu ou a coragem de Bartimeu que tem a força de se rebelar a situação de exclusão que estava vivendo, vence as dificuldades e supera os obstáculos e se empodera novamente da própria dignidade, volta a se considerar como “gente”?

Pessoalmente acho que o verdadeiro “milagre” acontece quando  a coragem, a força de vontade, a dignidade das pessoas se encontram com a palavra libertadora do Evangelho, com a pessoa de Jesus. O “milagre” não pode acontecer quando falta a vontade de se liberar da exclusão, das injustiças que nos deixam a beira da estrada mendigando.

Não é uma caminhada fácil, não é uma decisão que os tantos “Bartimeu” que se encontram excluídos a beira da estrada podem tomar sozinhos: precisa também da ajuda da comunidade.
Eis ai a importância da comunidade cristã, do grupo ou da pastoral e o texto do evangelho que será proclamado o próximo domingo nos apresenta duas tipologias de comunidade diferentes.
A primeira é aquela que “manda calar a boca” aos tantos Bartimeu, aos tantos excluídos, aos sem voz e vez:  a segunda é aquela que esta caminhando com Jesus, se aproxima de Bartimeu e cria as condições para que ele possa “pular” até Jesus e a sua palavra de libertação.

Jesus não faz “milagres” sozinho: ele precisa da fé, da força de vontade, da coragem de cada um e de cada uma de nós, mas precisa também de uma comunidade que se faça próxima dos “doentes”, dos excluídos da sociedade e que crie as condições para que essa fé, essa força de vontade, essa coragem possam se encontrar com a boa nova do Evangelho.

sabato 17 ottobre 2009

A CAMINHADA E O SONHO

Querid@s amig@s sejam tod@s bem-vind@s.

Este espaço quer simplesmente ser um lugar de encontro e de partilha: de encontro e de partilha da vida.

A vida é a caminhada de fé, de luta, de alegria, de tristeza e de sofrimento de um povo. O povo é o povo de Açailândia, de Piquiá e da região do Carajás.
Povo que acredita no Deus da Vida que a cada dia caminha junto com as crianças, os jovens,  as mulheres, os homens que sonham “outro mundo possível”.

O sonho do povo para que “outro mundo possível” se transforme em realidade é o mesmo sonho de Deus.

Nós missionários somos chamados a acompanhar, a caminharem juntos com o povo para que a utopia do sonho possa-se realizar.

A caminhada é enriquecedora e não pode ser simplesmente um assunto pessoal, tem que ser partilhada para que com outros e outras possamos sonhar juntos o SONHO DE DEUS.